terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Protocolo da Consulta Médica de Apoio à Prática Desportiva



 A evidência científica comprova que o exercício físico, na dose recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), exerce uma influência positiva sobre o desenvolvimento e proteção dos sistemas músculo-esquelético, cardiovascular, respiratório, hematológico, imunológico, endócrino e gastrointestinal, em todos os indivíduos, independentemente da sua idade ou situação clínica. Além disso é cada vez mais frequente a referência ao exercício físico como medida preventiva para diversas doenças crónicas não transmissíveis, e até como tratamento de primeira e segunda linha.

Sendo que o sedentarismo é o 4º facto de risco mais importante para a mortalidade global (só atrás da hipertensão, tabagismo e hiperglicemia), a existência de uma consulta médica de Apoio à Prática Desportiva no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários, integrada numa Unidade de Saúde Familiar, poderá ser uma alternativa viável no combate à inatividade física.

Com a criação desta consulta, procura-se contribuir para as ambições do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de fornecer o maior número de serviços diferenciados de qualidade à população que serve, traduzindo-se por ganhos potenciais de saúde e sem que tal constitua um custo financeiro acrescido para o erário público.

O presente protocolo pretende também estabelecer os critérios e os aspetos práticos que deverão orientar a referenciação dos utentes da USF Eborae para a consulta de Apoio à Prática Desportiva.

O principal objetivo desta consulta será a promoção da atividade física e a prescrição adequada do exercício físico, com especial enfoque nas populações que dele mais podem beneficiar (hipertensos, diabéticos, obesos, doentes do foro reumatológico, entre outros). Sem prejuízo dos objetivos da consulta, em todos os casos que se julgue necessário, o utente será referenciado para especialidades hospitalares indicadas. Esta consulta terá ainda uma vertente de ensinos sobre prevenção de lesões, associada ao diagnóstico e tratamento médico de patologias que condicionem a prática de exercício físico.


Esta consulta serve apenas como apoio da atividade clínica dos Médicos de Família da USF Eborae, não substituindo o papel dos Centros da Medicina Desportiva ou de uma eventual consulta de Medicina Desportiva que venha a ser criada nos Hospitais do SNS. Procura-se apenas que a prescrição do exercício físico, a realização do Exame Médico Desportivo, e o tratamento precoce de lesões desportivas, já realizado no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários, passe a estar concentrada numa consulta realizada por um médico com formação e experiência na área.

Consulta Médica de Apoio à Prática Desportiva


Destinatários:

Utentes da Unidade de Saúde Familiar Eborae

Local de funcionamento:

Unidade de Saúde Familiar Eborae – Gabinete 12

Médico responsável pela consulta:

Nuno Piteira

-Médico na USF Eborae, pós-graduado em Medicina Desportiva, com formação certificada em Mesoterapia

-Treinador certificado pela Federação de Triatlo de Portugal e pelo IPDJ

-Atleta com 20 anos de filiação na FPN e 8 anos na FTP

Horário:
Consulta de realização semanal, quarta-feira, entre as 14 e as 17 horas

Este período poderá ser ajustado e alargado consoante a procura


Acesso à consulta e referenciação:


- Todos os utentes referenciados pelos respectivos médicos de família da USF Eborae, sempre que estes julguem necessário ou pertinente a prescrição de programas de exercício físico, a avaliação ou reavaliação de uma lesão desportiva, ou a realização do exame médico-desportivo.

- Os utentes com patologia conhecida e vigiada na USF Eborae, nomeadamente: excesso de peso e obesidade, síndrome metabólico, HTA, hipercolestrolemia e diabetes mellitus tipo 1 ou 2, e com motivação para prática de exercício físico, terão prioridade na marcação de consultas.

Marcação de consultas:


A marcação das consultas será realizada através dos serviços administrativos da USF Eborae, em agenda própria, de acordo com os períodos disponibilizados para o efeito e após autorização pelos médicos responsáveis pela consulta.


Os utentes ou médicos de família deverão fazer chegar aos serviços administrativos o documento de referenciação (em anexo).

Taxas moderadoras:

Aplicar-se-ão as taxas moderadoras associadas à prestação de Cuidados de Saúde Primários.

Registos da consulta:
Os registos da consulta serão sempre realizados no programa informático de apoio à consulta médica da USF Eborae (SClínico®).


Introdução de testes rápidos para avaliação de Leucograma e Proteína C Reactiva em uma Unidade de Saúde Familiar: alterações na prescrição antibiótica e custos associados

Introdução de testes rápidos para avaliação de Leucograma e Proteína C Reactiva em uma Unidade de Saúde Familiar: alterações na prescrição antibiótica e custos associados







 1. Investigador Principal
Nome: Nuno Filipe Monteiro Piteira 

Habilitações literárias:
Mestrado integrado em Medicina, pela Faculdade de Medicina de Lisboa; Pós-graduação em Medicina Desportiva pela SPMD
Profissão: Médico (Interno do 4º ano do Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar)
Local de trabalho: USF Eborae; ACES Alentejo Central; ARS Alentejo




2. Projeto
Título do estudo: Introdução de testes rápidos para avaliação de Leucograma e Proteína C Reactiva (PCR) em uma Unidade de Saúde Familiar (USF): alterações na prescrição antibiótica e custos associados
Instituição de acolhimento: USF Eborae
Morada: 
- Rua Celestino David, Edifício do Hospital do Patrocínio, 7000 Évora
Palavras-chave: testes rápidos, leucograma, PCR, USF, cuidados de saúde primários, antibióticos, prescrição, custos


Resumo:
 
1. Fundamentação:
 As infecções respiratórias são um conjunto de patologias que afectam a árvore respiratória, que resultam numa sintomatologia variada, mas que frequentemente conduz os doentes aos cuidados de saúde. A sua etiologia é maioritariamente viral e são doenças caracteristicamente autolimitadas. São também a causa aguda mais frequente de recurso aos cuidados de saúde primários (CSP) nos meses de Inverno.
Nos CSP, estes doentes são muitas vezes medicados com antibioterapia, com base num diagnóstico exclusivamente clínico, dada a indisponibilidade, em tempo útil, de exames laboratoriais. Os exames laboratoriais disponíveis, que podem confirmar ou refutar a hipótese diagnóstica colocada, envolvem quase sempre uma colheita de sangue venoso, e uma análise em laboratório que poderá levar várias horas até um resultado final. Estes exames são também realizados quase exclusivamente em estruturas fora das instalações dos CSP, o que obriga a uma deslocação do doente para a sua realização.
Surgem agora novos exames analíticos, com resultados fidedignos, que não obrigam à colheita de sangue venoso, nem à realização do teste em laboratórios especializados. Estes testes são realizados com colheita de pequenas quantidades de sangue capilar, analisados em dispositivos de utilização simples, que podem ser colocados nos CSP, e com resultados em menos de 15 minutos. O custo de cada um destes testes para o SNS parece não diferir significativamente do custo associado aos testes standard realizados em laboratório. 
Aparentemente, a introdução destes testes nos CSP poderá diminuir o tempo de atendimento e decisão terapêutica de cada doente, bem como ajudar nas tomadas de decisão diagnósticas com que os clínicos se deparam diariamente. Em último caso poderá mesmo diminuir a prescrição de antibióticos.
No caso da USF em estudo, nos primeiros 3 meses de 2016, foram registados mais de 900 diagnósticos com códigos ICPC referentes a infecções respiratórias. Muitos destes doentes foram enviados para o Serviço de Urgência para esclarecimento diagnóstico e muitos outros medicados com antibioterapia, que se mostrou posteriormente redundante.
Este estudo pretende encontrar resposta para as perguntas que os profissionais têm sobre a verdadeira dimensão das alterações que a introdução deste tipo de testes poderá ter na prática clínica. Pretende ainda analisar as alterações na prescrição terapêutica e a sustentabilidade financeira da introdução destes testes nos CSP.


2. Objetivos

a. Identificação do número de casos, registados na USF com diagnóstico de infecção respiratória (R74/R81/R83-ICPC2), no primeiro semestre de 2016, do tratamento prescrito e cálculo do custo associado.

b. Introdução do uso de testes rápidos na USF Eborae, no primeiro semestre de 2017, em todos os casos com diagnóstico de infecção respiratória e com indicação clínica para prescrição antibiótica.

c. Comparação da prescrição de terapêutica antibiótica, nos casos estudados no primeiro semestre de 2016, com os casos registados no primeiro semestre de 2017.

d. Cálculo dos custos associados às alterações realizadas.



3. Metodologia
a. Local de realização: USF Eborae
b. Tipo de estudo: Estudo descritivo, transversal misto.
c. Duração e período de estudo: 6 meses
d. População e amostra: 
i. Grupo 1: Doentes que recorreram à USF no primeiro semestre de 2016, com diagnóstico registado de infecção respiratória. 
ii. Grupo 2: Doentes que recorreram à USF no primeiro semestre de 2017, com diagnóstico registado de infecção respiratória.
iii. Critérios de exclusão: todos os doentes que tenham outros diagnósticos registados na mesma consulta; todos os doentes sem indicação clínica para antibioterapia; todos os contactos indirectos; todos os doentes que não assinem o Consentimento Informado.
e. Definição das variáveis em estudo: 
· Características sociodemográficas;
· Doente em idade pediátrica
· Doente em idade adulta
· Realização de teste rápido para análise de leucograma
· Realização de teste rápido para análise de PCR
· Resultado do teste realizados compatíveis com infecção bacteriana
· Número de antibióticos prescritos
· Nome dos antibióticos prescritos
· Custo dos antibióticos prescritos para o SNS
· Custo dos testes realizados


4. Métodos e procedimentos:
Consulta dos processos clínicos no programa SClínico; consulta de dados no programa MIM@UF; realização de teste rápido a todos os doentes do Grupo 2, que preencham os critérios de inclusão; registo, em papel, de todos os testes realizados no período em estudo.


5. Tratamento estatístico:
Caracterização da amostra (estatística descritiva); cálculo da percentagem de prescrição da antibioterapia e tipo de antibióticos prescritos; cálculo das alterações na utilização de antibioterapia e tipo de antibióticos prescritos, com a introdução dos testes; cálculo dos custos associados à introdução dos testes na USF.



6. Impacto esperado:
Diminuir a prescrição de antibióticos nas infecções respiratórias; diminuir os custos para o SNS; diminuir o tempo de atendimento de cada doente; diminuir o recurso aos serviços de urgência 



7. Programa de trabalhos
* Equipa: Nuno Piteira, Raquel Costa, Ana Nabais, Dorothea Krusch, Antero Campeão, Jorge Sá, Rogério Costa
* Recolha de dados: Nuno Piteira, Dorothea Krusch, Ana Nabais
* Coordenação da realização dos testes: Antero Campeão
* Tratamento estatístico: Nuno Piteira, Raquel Costa
* Redacção do manuscrito: Nuno Piteira, Raquel Costa
* Coordenação do trabalho: Jorge Sá, Rogério Costa
* Fluxograma e cronograma
Jan 2017 - Jun 2017 Jul 2017 Jul 2017  Set 2017
Recolha de dados
Tratamento Estatístico
Redação do manuscrito
Submissão do manuscrito

* Recolha de dados: Janeiro de 2017 a Junho de 2017
* Tratamento estatístico: Julho de 2017
* Conclusão do manuscrito: Setembro de 2017



8. Questões éticas
* Informação colhida com o consentimento informado dos prestadores de cuidados das crianças envolvidas. Todos os procedimentos serão anónimos e sujeitos a segredo profissional.
* Será solicitada a aprovação do Coordenador da Unidade e da Comissão de Ética para a Saúde da ARSA.



9. Orçamento:
* Aquisição do material necessário à realização dos testes (dispensado pela empresa biosurfit)



10. Anexos:
• Questionário para preenchimento pelos profissionais de saúde
• Consentimento informado e informação complementar fornecida aos prestadores de cuidados e aos doentes com critérios de inclusão no estudo